terça-feira, 9 de julho de 2013

Luciana Scotti, uma mulher guerreira e vencedora!

Eu sempre me questionei o que seria pior: se ficar "deficiente" depois de ter sido "normal" ou se ficar "deficiente" sem nunca ter experimentado ser "normal" (me enquadro nesta segunda observação). Talvez para mim, por eu nunca ter experimentado o que é a normalidade, o comum, por eu nunca saber o que é andar ou me movimentar sem minha cadeira de rodas, talvez não tenha dimensão do que perdi, sem nunca ter tido. Afinal, este é o meu "normal".  Não sei o que é andar, então não sofro por não saber a sensação do que é andar. Tive que aprender a me virar com minhas limitações, mas não foi tão sofrido, não mesmo, afinal aprendi naturalmente que não posso fazer xixi na hora que quero, não alcanço coisas que estão muito acima de mim, abrir e pegar algo da geladeira nem sempre é tão fácil, mas aprendi assim, busquei alternativas, então, se não dá de um jeito, dá de outro e pronto. Mas... e pra quem sabia o que era andar, dançar, correr, pular, falar, e de repente, ficou sem? Sofrido não? Parem e reflitam... tentem fazer um teste... simples. Tentem ficar algumas horas, sem falar. Ou tentem não andar e ficar na mesma posição, nem digo um dia todo, mas apenas algumas horas. Chega uma hora, você não tem mais posição. Dói tudo e você nem sabe dizer o que dói mais, se pernas, pescoço, costas, cabeça. Agora imaginem o que é para uma pessoa que hoje tem tudo, faz tudo sem ajuda de ninguém, as coisas mais básicas como ir ao banheiro, tomar banho, se alimentar, e amanhã não consegue fazer mais nada sozinha, nem se alimentar, nem ao menos falar. Aí a gente pensa: essa pessoa não vai conseguir ir pra frente, não vai continuar vivendo, vai cair em profunda depressão e só vai pensar em morrer. Sim, existem fases e deve dar essa vontade mesmo, talvez haja exceções, mas creio serem raríssimas. Enfim, conheço algumas pessoas que passaram por isso, e fizeram "do limão, uma limonada".
Luciana Scotti é uma dessas pessoas. A conheci bem no início da internet, não sei ao certo se em 1995, 1996. Fizemos parte de um Fórum, onde pessoas portadoras de necessidade especial faziam parte, trocavam experiências, conhecimentos, dificuldades. Amava todas as coisas que ela postava, admirava cada linha que ela escrevia e fui conhecendo sua história e cada vez mais, admirando-a mais. Muitos dizem que me admiram, que se inspiram em mim, mas me acho tão simples, tão comum... mas nela vejo uma guerreira. Pois com toda a limitação que se apresentou a ela, ela seguiu em frente, cresceu, admiravelmente. Sinto orgulho de alguma vez, em algum lugar, tê-la olhado nos olhos e ter podido dizer o quanto a admirava.
Conheçam Luciana Scotti e me digam se exagerei ou não.

http://revistamarieclaire.globo.com/EuLeitora/noticia/2013/07/eu-leitora-mexo-so-um-dedo-mas-virei-escritora-conta-luciana-schotti.html